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Professores da UFRGS pela Democracia

Para: Colegas professores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Professores da UFRGS pela Democracia

Somos um coletivo de professores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), profundamente preocupados com as ameaças à Democracia no Brasil. Em 2016, vimos um golpe de Estado interromper um ciclo de governos democraticamente eleitos. A defesa da democracia nos reuniu a partir daquele ano: professores e professoras que organizam e participam de aulas públicas, protestos, campanhas, abaixo-assinados, atos e marchas. Com o avanço do autoritarismo, as lutas pela democracia representativa e participativa, pela autonomia universitária, pelo financiamento adequado da educação pública e em defesa da liberdade de ensinar e aprender são ainda mais necessárias. Ao defender a democracia, nós nos congregamos com diferentes grupos e organizações que compartilham dessas posições democráticas dentro e fora da Universidade.

A agenda de defesa da democracia também envolve contrapor-se ao crescimento da intolerância e do ódio a determinados grupos sociais, partidos políticos e até mesmo à política como um todo. Entendemos que o desgaste do sistema político brasileiro, bem anterior a 2016 e que explica a frustração e a revolta de muitos, está servindo como vetor para a destruição de valores maiores, como o respeito ao voto, o convívio democrático, a liberdade de expressão e manifestação, o livre debate de ideias. Esse é um processo continuado, protagonizado pelas mesmas forças que promoveram o Golpe, e que deu mais um passo antidemocrático ao perseguir, condenar e prender sem provas o ex-Presidente Lula, numa tentativa de impedir o favorito na disputa presidencial de concorrer às eleições deste ano.

Vemos ainda, com crescente horror e indignação, o uso da violência por parte de grupos interessados em silenciar lideranças populares e democráticas legítimas, como ocorreu nos atentados contra o ex-Presidente Lula e sua caravana pelo Sul do Brasil e na execução política da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e de seu motorista Anderson Gomes. Estamos vivendo tempos em que não apenas lideranças políticas e sociais da cidade e do campo, mas também e sobretudo mulheres, negros, indígenas, LGBTs e jovens têm sido alvo de crescentes agressões e barbárie, motivadas, em geral, apenas por serem quem são.

É neste momento tão sombrio que nos unimos a outras forças democráticas, como partidos políticos, sindicatos e centrais sindicais, associações profissionais e movimentos sociais, para resistir aos ataques à Democracia e à violência dos fascistas. Fazemos isso a partir de nossa perspectiva, como educadores e pesquisadores universitários. Entendemos que este momento da vida política brasileira exige que voltemos nossa capacidade crítica e analítica para buscarmos entender, junto com a sociedade, os rumos desastrosos a que estamos sendo levados.

Defendemos a construção de uma Universidade Pública aberta, inclusiva, democrática e comprometida com o diálogo e o enfrentamento das brutais desigualdades que assolam o Brasil. Estamos cientes de que as transformações em curso no país incitam a universidade a reafirmar sua importância enquanto instituição pública e gratuita. Queremos contribuir com nossas reflexões e promover ações de mobilização em questões que dizem respeito à comunidade universitária e a toda sociedade brasileira.

Por isso, chamamos a atenção para os profundos retrocessos em curso, tais como as tentativas de cercear a autonomia dos professores, encabeçadas pelos defensores da “escola sem partido”. A incorporação do ex-Ministério de Ciência Tecnologia e Inovação ao Ministério das Comunicações reduziu enormemente a interlocução de cientistas e professores com as autoridades federais. A Emenda Constitucional 95 (ou PEC da morte), que congelou por vinte anos os gastos primários, é uma sentença de aniquilamento gradual dos serviços públicos que envolvem principalmente a saúde, a educação e a seguridade social. Apesar do discurso oficial, a PEC da morte não impediu o acúmulo de déficits primários de mais de R$ 100 bilhões nos últimos três anos e previstos para o futuro; tampouco tocou na estrutura tributária injusta, que onera o consumo e o salário, e manteve intocados os capitais e propriedades, concentrados em uma minoria de menos de 1% dos brasileiros. Esse congelamento dos gastos serve apenas ao propósito de garantir mais dinheiro para a ciranda financeira do rentismo ancorado na dívida pública, em detrimento da qualidade dos serviços essenciais. Não nos omitimos em 2016, ao apoiar a resistência contra essa Emenda Constitucional, protagonizada, em muitos momentos, por nossos estudantes. E não nos omitiremos em denunciar o processo em curso de privatização dos serviços de saúde e educação públicas, que certamente rasgará direitos para constituir-se em fonte adicional de lucro e apropriação de recursos por parte de uma minoria de privilegiados.

Porto Alegre, maio de 2018

Contato: [email protected]

Docentes que assinam este manifesto:

Felipe José Comunello Campus Litoral Norte
Patricia Reuillard Letras
Basílio Santiago Física
Laura Bannach Jardim FAMED
Olga Garcia Falceto FAMED
Ida Vanessa Doederlein Schwartz Biociências
Mário Furtado Fontanive Arquiterura
João Farias Rovati Arquiterura
Sandra Dias Loguercio Letras
Inês Martina Lersch Arquiterura
Rober Iturriet Ávila Economia
Paulo Mayorga Farmácia
Maria Tereza Flores Pereira Administração
Lorena C. Fleury Sociologia
Paula Sandrine Psicologia
Mariângela Bairros FACED
Rodrigo Lages e Silva FACED
Camilla Schneck Enfermagem
Alexandre Silva Virginio IFCH
Ana Maria Albani de Carvalho Artes
Maria Luiza Saraiva Pereira ICBS
Camila Giugliani FAMED
Russel Teresinha Dutra da Rosa FACED
Tatiana Souza de Camargo FACED
Luciana Neves Nunes Matemática
Lucia Becker Carpena Artes
Carlos Leonardo Bonturim Antunes Letras
Cristina Rolim Neumann FAMED
Jonas Alex Morales Saute FAMED
Regina Xavier IFCH
Vanessa Chiari Gonçalves Direito
Beatriz Cerisara Gil Letras
Domingos Silveira Direito
Jaqueline Tittoni Psicologia
Stela Meneghel Enfermagem
Helen Osório IFCH
Cristiane Farmer Rocha Enfermagem
Cleci Bevilacqua Letras
Hermógenes Saviani Filho Economia
Nadya Pesce da Silveira Química
Rualdo Menegat Geologia
Marcia Barbosa Física
José Carlos Freitas Lemos Arquitetura
Jorge A. Quillfeldt Biociências
Diogo Souza ICBS
Roberto Giugliani ICBS
Fernando Seffner FACED
Henrique Caetano Nardi Psicologia
Carolina Brito Física
Roberta Baggio Direito
Gilberto Tavares Administração
Sandra D. Torossian Psicologia
Francisco Marshall IFCH
Gilberto Tavares dos Santos Administração
Luiz Eduardo Robinson Achutti Artes
Daniele Noal Gai FACED





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