Abaixo-assinado CARTA ABERTA DE PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS EM APOIO À GREVE DAS ESCOLAS FEDERAIS
Para: Presidente da República Federativa do Brasil; Congresso Nacional do Brasil; Ministério da Educação
CARTA ABERTA DE PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS EM APOIO À GREVE DAS ESCOLAS FEDERAIS
"A leitura do mundo precede a leitura da palavra"
Paulo Freire
Ter filho foi uma escolha. Esse não era um mundo ótimo, mas podemos fazer com que ele fique melhor: mais justo, mais fraterno, mais solidário. Quero que meu filho também faça sua parte, mas sei que os pais ou a família não são os únicos responsáveis por isso. Quando pequeno, ensinei a respeitar o mundo: dividir brinquedos, respeitar os outros bebês no parquinho, não jogar lixo na rua, jogar o jogo conforme as regras combinadas por todos.
Ter filhos em escola pública responde, inicialmente, a dois pontos fundamentais: a defesa de um ensino universal, onde todos devem conviver de forma igualitária com as mesmas condições de acesso aos bens gerais produzidos pela sociedade; e a pressão financeira que um ensino particular de qualidade faz sobre nós trabalhadores. O ensino de qualidade deve ser público, gratuito e universal.
Nossos filhos aprenderam em casa que, mesmo não gostando, aquilo que era decidido coletivamente deveria ser respeitado. As falas proferidas por professores, na última semana, quando foram deflagradas as greves de escolas federais no Rio de Janeiro – juntamente com outras de vários estados – chegaram aos nossos ouvidos como afronta aos nossos ensinamentos. “Votei contra a greve e não vou participar dela”. Estes professores que se posicionaram assim demonstraram que reconhecem a assembleia como lugar legítimo de manifestação, mas não acham suas decisões legitimas. Outros nem se posicionaram de forma coletiva. Todos estes ensinam aos nossos filhos o que não se faz nem no jogo de futebol ou queimado infantil.
Acreditamos que os professores não ensinam aos nossos filhos somente em sala de aula, com os conteúdos trabalhados, mas também através de sua postura ética, da sua consciência cidadã e das lições que mostram que o futuro é feito com nossas ações e pode ser transformado.
Todos nos preocupamos quando não há professores de determinada disciplina ou boas condições de ensino-aprendizagem. Achamos um absurdo! Pois essa é a hora de nos unirmos ao movimento de professores e defendermos a escola que queremos para nossos filhos.
Em seu discurso de posse, a presidenta Dilma Roussef disse: “Mas só existirá ensino de qualidade se o professor e a professora forem tratados como as verdadeiras autoridades da educação, com formação continuada, remuneração adequada e sólido compromisso com a educação das crianças e jovens.” Entendemos a greve como uma forma de pressionar o cumprimento daquilo que é direito de cidadania e promessa do atual governo.
Nós, que assinamos esta carta, somos a favor da greve de professores e funcionários federais.
