Pedido de providências para a solução do problema da poluição do atmosférica da Suzano
Para: Ministério Público; Câmara Municipal de Mucuri; Conselho Municipal de Saúde de Mucuri; Conselho Municipal de Meio Ambiente; Secretaria Municipal de Meio Ambiente; INEMA; Ministério do Meio Ambiente; Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados; Comissão de Meio Ambiente, Seca e Recursos Hidricos da Assembleia Legislativa da Bahia.
Os abaixo-assinados, a seguir identificados, vêm à presença de V.Exas. expor e solicitar o que segue:
Há mais de 20 anos, desde que foi instalada a Fábrica de Papel e Celulose da Suzano, unidade Mucuri/BA, a população daquela região vem sofrendo com o cheiro desagradável emitido pelas chaminés deste complexo industrial.
A localidade mais afetada é o distrito de Itabatã. Nos últimos dias a situação tem se agravado. Em pleno dia (9:30 da manhã), a cidade está envolvida por uma espécie de neblina branca que dá a impressão que ainda é de madrugada e o cheiro é intragável. A população em peso pede providências.
Segundo o especialista Dr. Celso Foelkel, não há mais como tentar convencer a população de que o cheiro de “ovo podre” causa apenas e tão somente um ligeiro desconforto e que não é prejudicial à saúde. Um mal-estar, uma dor de cabeça, uma ansiedade ou um desconforto já são precursores de estresses à saúde; sendo que esses levam a outras doenças mais graves como as cardíacas, psicossomáticas, etc.
Ainda de acordo Celso, partículas químicas ou orgânicas emitidas por fábricas de celulose são, como não poderia deixar de ser, problemáticas tanto para a saúde das pessoas como pelos danos que podem trazer ao patrimônio das mesmas. Também prejudicam o meio ambiente, a fauna, a flora, os solos, etc.
Para Dr. Foelkel, nas pessoas, causam problemas para a saúde, como doenças respiratórias, oculares e alergias. Partículas estão associadas com tosse, chiado da voz, rouquidão, coriza, lacrimejamento, coceiras, entupimento nasal, etc.
Segundo Mishal (1975), em conseqüência da utilização de produtos a base de enxofre na composição do licor de digestão, ocorrem reações secundárias com alguns componentes orgânicos presentes na matéria-prima, dando origem a materiais gasosos com odor desagradável, os organossulfurados. Esses compostos são o sulfeto de hidrogê nio (H2S), metil mercaptana (CH3SH), dimetil sulfeto [(CH3)2S] e dimetil dissulfeto [(CH3)2S2]. O conjunto desses compostos é conhecido por TRS, do inglês, “Total Reduced Sulphur” ou enxofre reduzido total, ou ainda, compostos reduzidos de enxofre. Conforme Osses (1991), os compostos reduzidos de enxofre são severos poluentes atmosféricos, mesmo a níveis de partes por bilhão e podem causar desde irritação nas vias respiratórias até a morte.
Técnicos e dirigentes de fábricas argumentam que as fumaças de suas caldeiras de recuperação mostram a cor branca pelo excesso de vapor que apresentam. Até reforçam que são fumaças inofensivas à saúde e essa é uma afirmação mentirosa. Entretanto, a grande verdade é a seguinte: modernas caldeiras de recuperação, quando bem operadas e engenheiradas, queimando licores a cerca de 75% ou mais de sólidos secos, complementadas por eficientes precipitadores eletrostáticos, emitem fumaças que são praticamente imperceptíveis para a maioria das pessoas e para a maior parte do tempo em que operam.
Certos de que V.Exa. saberá respeitar os direitos dos cidadãos de nossa Cidade, os abaixo-assinados solicitam imediatas providências destinadas a solução do problema da poluição atmosférica causada pela SUZANO PAPEL E CELULOSE.
