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Contra o golpismo (UFRJ)

Para: UFRJ e demais pessoas solidárias à educação

A tradição golpista não se rende aos costumes democráticos.
Perdedores em dis- eleitorais, concluído o processo, têm dificuldade em aceitar as regras do jogo e anseiam por interromper o fluxo de um sistema que, com defeitos e qualidades, é ainda o único que defende e assegura as liberdades individuais. Pode-se não gostar da constituição dos fatos, mas é preciso que os mesmos avancem em seu desdobramento natural para que então tenhamos condições para proceder a uma boa e autêntica avaliação.
Greves não são dispositivos agradáveis. Os que a deflagram e sustentam a sua validade em circunstâncias precisas, não ignoram que tais instantes de intensa dedicação à causa das ideias e das instituições prejudicam o funcionamento da ‘normalidade cotidiana’ e os atingem pessoalmente. Eles o fazem conscientes de que alguém, com a força de uma coletividade, deve se erguer e interpor uma barreira de opiniões capazes de enfrentar, no ambiente das contradições, a energia de correntes antagônicas perniciosas para um funcionamento das organizações e das categorias profissionais, antes que as eliminem às vezes por completo. Isto é o que se passa no atual momento da vida universitária brasileira, de Norte a Sul. A pretexto de realizar economia na caixa do governo cortam-se drasticamente verbas destinadas à sustentação das atividades acadêmicas e retiram fatias inteiras de recursos para as equipes de limpeza, bolsas de estudo, assistência estudantil, segurança do trabalho e do patrimônio, intercâmbio de professores, etc. Alguns dos nossos docentes, voltados para o universo diminuto das suas preocupações, não percebem o fenômeno. Mas outros, mais atentos, sentem a crise e se movimentam. É motivo bastante para uma greve, que nos perdoem os indiferentes, mesmo que, diante da apatia dominante, a paralisação se prolongue como já aconteceu antes, inclusive no final da ditadura, e como está ocorrendo agora.
Posições contrárias a essas medidas confrontaram-se aos que tomaram a sua defesa nas assembléias e perderam no voto a opção pela apatia. A juventude, apesar do preço a pagar, compareceu em peso, em apoio maciço à deflagração do protesto, em nível nacional. É ela, sem dúvida, a principal prejudicada pela interrupção das aulas e pela manutenção precária do calendário universitário com os arremedos da tal ‘normalidade’, que de normal só tem o nome, porque a falta de manutenção em todos os níveis se mostra mais do que visível. E felizmente temos estudantes. E temos também funcionários sensíveis ao processo de degradação e professores corajosos para sustentar a luta.
Hoje dispomos de uma Reitoria diversa de outras que, no passado, privilegiavam o faz-de-conta em lugar do olhar atento, enquanto exerciam até o fim os seus mandatos. O Professor Roberto Leher, eleito com margem expressiva de votos dentro das regras estabelecidas, não possui disposição de espírito para a insensibilidade. Não ignora que administrar uma instituição do tamanho da UFRJ representa uma tarefa hercúlea para a qual os movimentos sociais precisam se somar com a força de sua importância. Pela primeira vez talvez na história todos os segmentos de atuação universitária se somaram de uma forma ou de outra ao volume dos protestos. Somente assim, quem sabe, a burocracia estatal compreenda o valor fundamental do que está em curso em nome da universidade brasileira pública, gratuita e de qualidade, os postulados primeiros de nossa visão acadêmica, para que não caiamos nos modelos da privatização, este sim feroz no cumprimento de seus princípios da indiferença pelo outro e avessos à democratização do acesso ao conhecimento.
Nós, abaixo-assinados, não aceitamos as medidas de intervenção, nem como denúncia. O debate, contra e a favor, tem de se travar entre nossos pares, dobrando-nos às posições vitoriosas. Dirigir-se diretamente ao ministro para indispô-lo contra o Reitor já representa golpismo (que nos perdoem a veemência da palavra), em nome de uma compreensão própria de como agir em fase de crise, além de uma irregularidade funcional. E golpismo, no país ou na instituição, nós não podemos aceitar.
Ilustres professores eméritos, titulares, associados, adjuntos, assistentes, auxiliares, funcionários e estudantes, venham conosco defender a UFRJ!

Ronaldo Lima Lins – Professor Emérito da Faculdade de Letras da UFRJ.
  1. Actualização #1 Encerramento

    Criado em segunda-feira, 7 de setembro de 2015

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