Abaixo-assinado PELO EXERCÍCIO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL NA COMUNICAÇÃO
Para: Ministério Público Federal; Frente Parlamentar pela Democratização da Comunicação; Secretaria de Políticas para as Mulheres
PELO EXERCÍCIO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL NA COMUNICAÇÃO
As mulheres têm sido objeto e meio preferencial da publicidade, quer para lhes vender algum produto, quer para usá-las como chamariz ou promessa implícita à promoção de algum produto voltado aos homens.
A publicidade tem um efeito persuasivo – sem o qual as empresas não gastariam tudo que gastam para promover assim os seus produtos – e atinge toda a população (homens, mulheres, crianças, jovens, velhos). Junto com os produtos que anuncia, promove valores, um determinado estilo de vida que quer tornar desejável, modelos de beleza, de felicidade, de modo de agir.
Não é exagero portanto dizer que a publicidade ajuda a construir o imaginário, o desejo, o ideal de beleza,um certo "estilo de felicidade" associado ao consumo da população, que vê ali refletida – com a força das belas imagens e do poder de persuasão dos publicitários - muito bem pagos para isso - multiplicados na mídia em que ela passa a ser insistentemente exibida. O seu poder de sedução e sua eficácia na divulgação destes modelos é inegável, e compõe a “educação informal” que se contrapõe e muitas vezes supera o esforço dos responsáveis pela educação formal – pais e professores - também por ela seduzidos.
É um produto que, portanto, atinge e convence a população como um todo. Neste sentido, como qualquer produto legal oferecido à população, cabe-lhe ter responsabilidade social.
Assim, reivindicamos que toda atividade publicitária se caracterize pelo respeito à dignidade da pessoa humana (em particular das mulheres, que têm sido objeto e foco preferencial de um tratamento ora conservador e retrógrado, ora de mera exploração de seus atrativos sexuais), e que não sugira, insinue ou explicite qualquer tipo de ofensa à dignidade ou discriminação com relação aos seres humanos e, em particular, às mulheres.
Como produto com fins comerciais, que atinge, impacta e tem seu poder de convencimento sobre a população, queremos que ela se porte de forma compatível com o interesse social.
As mulheres têm batalhado pelo seu direito constitucional à efetiva igualdade. As mulheres têm estudado mais; tem ocupado o seu lugar no mercado de trabalho e no aporte financeiro ao suporte de sua família, que muitas vezes até chefiam; têm procurado representar os interesses da população como um todo.
A igualdade e inclusão social de todos são bandeiras que representam um avanço no sentido da realização mais plena da democracia.
Assim, nada mais justo que mesmo as atividades comerciais como a publicidade, se perfilem em defesa da democracia, da inclusão social (que gera maior poder de compra e portanto, mais lucro para as empresas), bem como pela efetiva igualdade de direitos, e tratamento igualitário e respeitoso entre homens e mulheres.
Exigimos portanto que a publicidade, bem como a programação dos meios de comunicação, se perfilem do lado do avanço social, da igualdade entre os gêneros, não reproduzindo (e, assim, não perpetuando) estereótipos ultrapassados, que destilam e realimentam preconceitos, e ignoram os nossos avanços sociais.
Pelo tratamento respeitoso das mulheres nos meios de comunicação e na publicidade!
Pelo exercício da responsabilidade social das atividades comerciais, entre as quais a publicidade e as atividades de entretenimento na mídia!
Pela revisão, ampliação e refinamento do código de ética da atividade publicitária!
Pela inclusão da discussão dos papéis de gênero nos cursos de formação dos profissionais que trabalham nos - ou produzem para - os meios de comunicação!
